A Desconstru��o do World Trade Center
Uma Data que Viver� numa Cadeia Deslizante de Significantes
Ken Wilber
Antes de ler este texto, por favor leia a "Introdu��o", apresentada anteriormente, ou muito do que se segue n�o far� sentido. Obrigado. (K.W.)
Duas semanas ap�s o despertar no Clube Passim, terroristas ligados a Osama bin Laden seq�estraram quatro avi�es comerciais americanos e os lan�aram, de maneira suicida, sobre o World Trade Center e o Pent�gono, matando milhares de pessoas e chocando o mundo. Por causa da moderna capacidade de comunica��o global e da alarmante gravidade do ato, nunca na hist�ria um acontecimento despertou uma consci�ncia coletiva mundial de tal magnitude. De Manhattan a Mo�ambique, da Indon�sia a Istambul, de Lisboa ao L�bano, do Qu�nia a Kiev, cerca de quatro bilh�es de pessoas se uniram, se n�o em suas opini�es sobre o ato, pelo menos em completo assombro. "Inacredit�vel, inacredit�vel, inacredit�vel!" balbuciou um aturdido Yasser Arafat, falando pelo mundo.
Por misteriosos caminhos que n�o consigo explicar, encontrei-me, instantaneamente, na presen�a de meus professores do Centro Integral (CI), enquanto jantavam, v�rios dias ap�s o evento. Mark, Charles, Lesa, Carla, Derek, Margaret e a querida Joan.
Eu acabara de completar vinte e um anos; as repercuss�es dos estranhos acontecimentos no Clube Passim ainda ecoavam numa alma estilha�ada que nem sequer conseguia lembrar o pr�prio nome; as datas e fatos da realidade di�ria tamb�m escapavam � minha consci�ncia, como se tempo e espa�o perdessem densidade e tendessem a evaporar, se eu n�o prestasse cuidadosa aten��o. E assim mesmo, inexplicavelmente, aqui estava eu, com pessoas que velaram a minha morte e, miraculosamente, ressuscitaram-me para uma vida que ia al�m da vida e da morte. Este vinte-e-alguma-coisa devia a esses cinq�enta-e-alguma-coisas muito mais do que se possa imaginar; palavras significativas fugiam do meu controle e flutuavam no vazio c�smico, lar de uma escurid�o que se mostraria como um chamado � revela��o.
Parte I: Um Espectro de Consci�ncia
"Uns poucos momentos de sil�ncio, se pudermos," disse Charles Morin. O ambiente estava tranq�ilo, com uma completeza que n�o era deste mundo.
"Naturalmente, a pergunta vem � baila: o Centro Integral deve fazer algum tipo de declara��o a respeito desta revoltante trag�dia?," Morin finalmente perguntou ap�s v�rios minutos de infinita quietude. "Devo dizer que tenho duas posi��es sobre o assunto. Por um lado, a resposta parece-me simples: foi uma demonstra��o de maldade. Por outro, como voc�s todos sabem, � muito, mas muito mais complexo do que isso. Assim, embora uma declara��o pare�a obrigat�ria, estou hesitante em d�-la."
"Surpreendeu-me," respondeu Margaret Carlton, "como o mundo � praticamente o mundo inteiro � respondeu a esta trag�dia. Devo dizer que foi muito, muito tocante. Primeiro, obviamente, suas preces est�o sendo endere�adas aos mortos e seu cora��o chora pelas fam�lias e amigos. Ah! A saudade, a inexprim�vel saudade!" A transparente, fr�gil Margaret Carlton de porcelana, naquele momento, lembrava uma daquelas imagens da Virgem Maria, ou talvez, de Kwan Yin. Lesa fitou-a com uma ternura que palavras � pelo menos minhas palavras � n�o podem exprimir.
"Mas tendo a concordar com Charles," ela continuou. "A situa��o real � t�o complexa que uma simples declara��o seria sup�rflua. Muitas declara��es que tenho visto" � a determina��o de Carlton substituiu uma certa delicadeza � "s�o, podemos dizer, sentimentos de um meme espec�fico. � dif�cil saber como prosseguir sem ofender ningu�m."
"Sim, esta � parte da dificuldade," falou Derek Van Cleef, e j� se podia sentir sua intensa impaci�ncia com a situa��o. Van Cleef era como o bobo da corte: sempre via a sombra, mas sempre a exprimia atrav�s de sua pr�pria raiva. "O povo deste pa�s, que est� reagindo com tanta emo��o a este acontecimento, n�o est�, realmente, preocupado com a perda de vidas humanas, ou mesmo a morte de americanos. Afinal, 50.000 americanos morrem anualmente em acidentes de tr�nsito e n�o vejo nenhuma dessas pessoas parada nas esquinas com cartazes dizendo 'Suspendam a Matan�a!' Ou pior, o mesmo n�mero de pessoas � 50.000 delas, a maioria crian�as � morre diariamente de fome em todo o mundo, e onde est�o os chorosos protestantes? Eles n�o est�o preocupados com vidas humanas; n�o, est�o reagindo porque seu particular conjunto de valores foi atacado, profundamente amea�ado, e suas respostas dependem do sistema de valores a que est�o mais apegados: vermelhos v�em uma coisa, azuis, outra, laranjas, outra, verdes, ainda outra. Mas quando aqueles avi�es chocaram-se contra o WTC, eles, na verdade, estavam indo de encontro aos diferentes conjuntos de cren�as e valores: os terroristas n�o amea�aram somente vidas humanas, mas os valores do meme com que cada um mais se identifica."
"Bem, Derek, esta � uma coloca��o muito fria � e quem poderia supor que seria sua?" ironizou Jefferson. Todo mundo riu, mais ou menos afetuosamente, da natural falta, bem, de calor de Van Cleef; eu ia dizer 'nobreza'.
"Mas, em tese, concordo com voc�", continuou Jefferson. "Assim, por que n�o elabora um pouco mais? Por que n�o discorre rapidamente como cada n�vel de consci�ncia, ou cada meme, responderia, em geral, ao ataque terrorista?"
Vermelho: Ira e Vingan�a
Van Cleef colocou seu garfo no prato e falou decididamente. "Est� bem. Por agora, simplesmente resumirei os diferentes tipos de respostas ao ataque � N�O falarei sobre as v�rias causas do ataque, como distribuir a culpa, e assim por diante. Sem concluir que qualquer dessas respostas esteja certa ou errada, o ponto � que cada meme, est�gio ou onda de consci�ncia reage muito diferentemente quando atacado de tal modo."
"Comecemos pelo vermelho, o mais f�cil de entender. Eis aqui um di�logo simulado," Van Cleef come�ou a rir.
Rep�rter: Sr. Vermelho, estou curioso para saber o que o senhor pensa sobre o ataque terrorista ao World Trade Center e ao Pent�gono.
Vermelho: Saia do meu caminho, seu chato; vou comer alguma coisa. Me deixe em paz.
Rep�rter: N�o vai demorar muito.
Vermelho: Hum... Desembuche.
Rep�rter: O ataque. Sobre o World Trade Center.
Vermelho: Mate eles, eu diria.
Rep�rter: Mate eles? Importa-se em explicar um pouco melhor, senhor?
Vermelho: Sim. Mate eles muito.
Rep�rter: Mate eles muito? Certo, certo. Diga-me, na sua opini�o, por que eles o fizeram? Os terroristas.
Vermelho: Hum, o qu�?
Rep�rter: Qual a raz�o para terem atacado?
Vermelho: Punheteiros desgra�ados, esc�ria de comunistas. Mate eles cruelmente. Se mexerem conosco, arrancaremos suas malditas cabe�as e exibiremos elas em estacas; isso � o que vamos fazer. Agora, deixe-me comer.
Rep�rter: Na verdade, senhor, eles s�o fan�ticos religiosos e n�o comunistas. Com certeza, o senhor sabia disso?
Vermelho (segura o rep�rter pelo colarinho e o levanta do ch�o): O que � isso? Talvez eu devesse colocar sua cabe�a num torno e apertar ela at� que seus olhos pulassem das �rbitas. O que o senhor diz sobre isso, seu rep�rter espertinho?
Rep�rter: Esc�ria de comunistas, mate eles cruelmente, � o que eu digo.
Todos sorriam para Van Cleef. "� claro que estou exagerando. O fato � que o vermelho sadio � o motor de muitas mudan�as. � o derrubador de obst�culos por excel�ncia; recusa fronteiras, destr�i barreiras. O vermelho � um servo fant�stico mas um senhor terr�vel. Umas coisa � ter vermelhos a seu servi�o, outra coisa � ter somente vermelhos como seu centro de gravidade. Ainda outra coisa � ter vermelhos escondidos embaixo da camisa � como, por exemplo, faz boomeritis � dirigindo seu carro sem voc� saber, desconstruindo qualquer fronteira convencional que esteja � vista, seq�estrando sua filosofia para apoiar seus modos egoc�ntricos."
"Mas, resumindo, a resposta vermelha b�sica � ira e vingan�a. O ataque terrorista � visto, consciente ou inconscientemente, como um ataque � N�O � humanidade, n�o � civiliza��o, n�o ao meu pa�s ou a Deus, mas um ataque a MIM � e eu responderei esmigalhando seu cr�nio. Mais ou menos isso." Van Cleef continuava a rir, agora aparentando um bom humor genu�no.
Azul: Bem versus Mal
"Quando vamos para o azul, uma estrutura cognitiva mais complexa come�a a apresentar raz�es ponderadas para suas a��es; mas, incapaz de avaliar as nuan�as de m�ltiplas perspectivas, define absolutos autorit�rios e dogm�ticos: tenho o bem do meu lado e, portanto, o ataque � um exemplo do mal, pura e simplesmente. De modo geral, esta onda afirma que n�s, Americanos, somos bons, decentes, amantes da liberdade, tementes a Deus, amantes da justi�a e que os terroristas s�o fundamentalmente sat�nicos, demon�acos, desumanos, mal�ficos. N�s estamos certos e eles, errados, e pronto. Este � um exemplo simples do bem contra o mal. Assim sendo, voc� est� conosco ou est� contra n�s nesta cruzada para livrar o mundo da escurid�o. Devemos nos manter coesos neste �nico caminho verdadeiro, pois unidos venceremos, divididos seremos derrotados; unidos na nossa cren�a em que a Am�rica � o maior pa�s do mundo e n�s somos filhos de Deus e, portanto, ca�aremos aqueles respons�veis e os mataremos, opa, quero dizer, aplicaremos a justi�a." Van Cleef levantou os olhos e sorriu gentilmente. "Isto encerra a leitura do dia das Escrituras." Ele piscou os olhos, mas ainda de um modo calmo e delicado. "Bem, voc�s entenderam o que quis dizer. As respostas comuns do meme azul incluem aquelas de William Bennett, de Billy Graham, da maioria dos l�deres religiosos exot�ricos, aqui e no exterior, e de muitos conservadores e Republicanos. O Papa deu uma entrevista sem precedentes, dizendo aos Americanos que 'o mal n�o ter� a �ltima palavra.' Puxa � voc�s v�em? � ele est� do nosso lado, n�o do deles!"
Hazelton demonstrou leve irrita��o � ela sempre discutia com Van Cleef � e falou. "Tudo que voc� disse � verdadeiro, Derek, mas devo dizer-lhes, queridos amigos, como fiquei surpresa ao sentir uma boa quantidade de azul ecoando em mim." Joan sorriu gentilmente. "Senti-me sufocada ao observar como os Americanos amam os Americanos. Depois, fiquei realmente emocionada ao ler as condol�ncias do mundo inteiro. Uma semana antes, a Am�rica era somente o Bandido para o resto o mundo: �ramos a McCultura, arruinando os valores locais, ou o Grande Sat�, ou ainda o ins�pido Capitalismo Global destruindo a liberdade em toda parte � �ramos considerados racistas, imperialistas, porcos dominadores." Ela come�ou a rir. "N�o estou dizendo que n�o haja alguma verdade nessas acusa��es, mas sim que, daqui por diante, ser� imposs�vel pensar que a Am�rica � simplesmente, meramente, somente O Bandido. Pelo amor de Deus, Yasser Arafat doou seu pr�prio sangue para demonstrar 'solidariedade pela Am�rica.' O representante europeu Romano Prodi declarou: 'Nas horas mais escuras da hist�ria europ�ia, a Am�rica esteve ao nosso lado. Hoje, estamos ao lado da Am�rica.'"
Subitamente, irromperam l�grimas nos olhos de Joan. Ela sorriu e as secou. "Percebem o que quero dizer? E isto continua. A Fran�a, que nunca morreu de amores por n�s, destacou pilotos franceses em jatos Mirage, pronta para apoiar-nos; o Primeiro-Ministro franc�s disse: '� luz dos acontecimentos, sentimo-nos �rf�os' � isto �, at� a Fran�a se sente �rf� sem a Am�rica. A R�ssia colocou sua rede de intelig�ncia em nosso aux�lio. A Inglaterra teve um dia de luto com o povo cantando o hino americano; l�rios brancos foram amarrados na cerca da Embaixada Americana em Grosvenor Square. Voc�s souberam que a Rainha � a Rainha, pelo amor de Deus � Sra. Mornid�o � pela primeira vez na hist�ria cantou o hino nacional de um outro pa�s em p�blico, e com os olhos marejados de l�grimas?! Em Kiev, o povo depositou flores na porta da nossa embaixada; uma mensagem dizia: 'N�o ao terrorismo em nome de toda Kiev.' As bandeiras foram postas a meio-pau em pa�ses do mundo inteiro. Um editorial canadense, escrito h� v�rios anos, foi desenterrado, atualizado e posto em grande circula��o: 'Este canadense pensa que chegou o momento de falar pelos americanos como o mais generoso e, possivelmente, menos apreciado povo de toda a Terra. Posso enumerar 5.000 vezes em que os americanos correram para ajudar outros povos em dificuldade. Voc�s podem citar-me uma �nica vez em que algu�m correu para ajudar americanos em dificuldade? Nossos vizinhos americanos enfrentaram as dificuldades sozinhos e eu sou um canadense que estou cansado de v�-los chutados. Mantenha-se orgulhosa, Am�rica!'" Ela levantou os olhos, ainda marejados de l�grimas. "Pergunto, isto n�o atinge voc�s?"
"� claro, querida, � claro," respondeu Lesa. Cabe�as moveram-se em concord�ncia. Olhei para Van Cleef, cuja express�o, por outro lado, parecia dizer: 'Oh, engula isso, sua piegas,' mas, provavelmente, foi s� minha imagina��o.
"Olhe," Van Cleef finalmente falou, "a grande quest�o � que, se voc� for suficientemente feliz de ter algum tipo de conscientiza��o de segunda-camada � para n�o dizer de terceira-camada � voc� pode e deve entrar em resson�ncia com todos esses acordes, inclusive o azul. A pergunta �: voc� se identifica exclusivamente com um �nico meme de primeira-camada e sua respectiva resposta, ou voc� amplia o espectro? E Joan, eu sei. Voc� � turquesa at� os ossos. Lesa acha que voc� � coral, ou talvez alguma outra cor que ainda n�o inventamos."
"Bem, estes ossos est�o meio azuis por agora!" Ela riu.
"Ent�o, Derek, por que n�o continua pelo seu passeio mem�tico?"
"Certo, certo. Bem, o azul, o querido azul na bandeira vermelha-branca-e-azul, � o v�nculo etnoc�ntrico e n�o h� nada de errado nisso.� maravilhoso na medida que for somente um acorde numa sinfonia de espectro total, certo?"
Laranja: Um Ataque � Civiliza��o
"Assim, vamos ver rapidamente o laranja, ou o que poder�amos chamar de resposta de Ayn Rand: esta onda de consci�ncia v� o atentado n�o como um ataque a um povo, na��o ou divindade espec�ficos �todos esses etnoc�ntricos � mas sim como um ataque globoc�ntrico � liberdade e � justi�a. Para n�o mencionar um ataque ao capitalismo de mercado-livre, a principal for�a positiva do mundo de hoje! Os laranjas seriam r�pidos em afirmar que os terroristas n�o atacaram uma igreja ou mesmo o Congresso: eles escolheram a regi�o de Wall Street e o World Trade Center. Em outra palavras, isto seria visto pelos laranjas n�o como um simples ataque � Am�rica, mas como um ataque � pr�pria civiliza��o, independentemente de pa�ses ou divindades em particular."
"Observem que a resposta laranja, devido a um novo crescimento da complexidade e sofistica��o cognitivas, j� foi do etnoc�ntrico (associa��o-m�tica) para o globoc�ntrico (formal-universal); por isso, ela n�o mais apela para um povo, na��o, ra�a, grupo ou cultura particulares. Ao contr�rio, � p�s-convencional neste sentido: o ataque � visto como uma amea�a aos valores que as pessoas do mundo inteiro podem adotar, independentemente de religi�o, ra�a, sexo ou cren�a. Nem todos podem ser americanos, mas todos podem ganhar dinheiro, ser capitalistas, aspirar a um tipo de independ�ncia, valorizar um tipo de liberdade � e, portanto, este foi um ataque, n�o � Am�rica, mas � civiliza��o. Novamente, n�o estou afirmando que isto esteja certo ou errado; simplesmente, estou descrevendo alguns modos gerais como o ataque terrorista foi visto por diferentes ondas de consci�ncia."
"David Kelley, diretor executivo do Objectivist Center nos d� uma resposta cl�ssica e muito letrada do meme laranja. �Com rara unanimidade, os americanos compreenderam que este foi um ataque a seus valores; e foi. Mas os valores n�o s�o unicamente americanos, ou mesmo, unicamente ocidentais. Eles s�o os valores da vida civilizada em qualquer parte. Como tal, este foi um ataque � civiliza��o.' Mas o que Kelley quer dizer com 'valores civilizados' significa basicamente valores do meme laranja, uma vez que ele d� os seguintes exemplos: individualismo; liberdade e direitos individuais; capitalismo como um sistema de neg�cios, produ��o, inova��o e progresso; secularismo; mercado livre; com�rcio mundial. Obviamente, estes n�o s�o valores vermelhos, nem azuis, nem verdes, nem turquesas : s�o valores laranjas. Portanto, um ataque ao WTC foi um ataque a esses valores, que Kelly identifica com a civiliza��o per se. Ele, ent�o, conclui com um ardoroso apelo: 'N�o estamos tratando com pessoas civilizadas. Devemos declarar guerra aos terroristas e usar qualquer tipo de for�a que se fa�a necess�ria para torn�-los incapazes de nos impor novas amea�as. Conclamamos o Presidente Bush e o Congresso a assumir uma campanha similar contra quaisquer redes de terroristas que se declarem, pelas mortes e destrui��o que tenham infligido, inimigos da humanidade. Ao faz�-lo, estaremos agindo em nossa pr�pria defesa com a autoridade moral de quem foi atacado. Mas devemos entender, e declarar ao mundo, que estamos agindo para preservar a ordem mundial, da qual dependem os valores civilizados, e que os povos civilizados do mundo inteiro devem unir-se a n�s nesta causa.'"
"Voc�s sabem o que mais amo em Deus?" Margaret Carlton interrompeu abruptamente a narrativa de Derek, depois olhou para cada um com um sorriso sonhador, sugerindo que estava� noutro lugar.
"O qu�?", perguntou Lesa.
"O Esp�rito manifesta-se neste extraordin�rio espectro de consci�ncia, certo? Esta maravilhosa espiral de desenvolvimento, abrangendo cada amplitude, cor, faixa e comprimento de onda conceb�veis, espalhando-se por todo o caminho, do p� � Divindade. E cada cor �nica tem seu lugar, n�o? Cada meme, cada onda, cada volta, cada viravolta, cada guinada � todos t�m algo importante a dizer, n�o t�m? N�o t�m?"
Todos concordaram, aparentemente sem saber a que isto os levaria, mas tocados pela fr�gil gra�a e gratid�o de Carlton. "Isto � tudo. Simplesmente queria dizer isto. Sei que o azul, o laranja, o verde e todos os outros podem ficar realmente doentes, realmente esquisitos, realmente est�pidos, mas em suas formas saud�veis s�o todos parte deste belo, belo, belo espectro de consci�ncia, n�o s�o? N�o s�o?"
"Voc� � linda, querida," respondeu Lesa, apertando sua m�o.
"Certo, certo, muito legal, Margaret," cortou Van Cleef. "Algu�m mais quer ponderar sobre as maravilhas de Deus? N�o? Est� bem." E sorriu um genu�no sorriso 'eu s� estou brincando'.
Carla Fuentes olhou para ele. "Derek, voc� � o homem mais doce do mundo, pelo menos para� bem, pelo menos para voc� mesmo."
Verde: Uma Transvaloriza��o de Valores
"Muito engra�ado, Carla, muito engra�ado. Observe-me rindo. Ha, ha, ha. Muito bem, vamos em frente� Onde eu estava mesmo? Vermelho, azul, laranja, oh sim�"
"A resposta do verde � a mais dif�cil de classificar porque �, de longe, a mais conflitante. Por um lado, a maioria das atitudes do meme verde em todo o mundo, neste momento, est� infectada pelo Meme Verde Mau e por boomeritis; isto complica seriamente a mat�ria, porque dificulta a localiza��o do verde sadio e dos tipos maravilhosos de gentilezas que sempre traz consigo. A maioria dos verdes � e certamente o MVM (Meme Verde Mau) em seu disfarce p�s-moderno � quer culpar a Am�rica, virtualmente, por todos os problemas do Terceiro Mundo, e, freq�entemente, por todos os problemas do mundo, ponto."
"Mais ainda, nas �ltimas d�cadas, os v�rios grupos, fac��es, insurgentes e mesmo terroristas do Terceiro Mundo adotaram o jarg�o p�s-modernista proveniente das universidades americanas para justificar suas a��es. O pluralismo verde afirma em suas formas radicais � e mais comuns � que, culturalmente, n�o h� bom ou mau, melhor ou pior: n�o existem padr�es universais que permitam julgar uma cultura como sendo melhor ou pior do que outra. Na realidade, n�o podemos dizer nada sobre um Outro que este Outro n�o diria de si mesmo. Ponto. Tentar falar sobre o Outro em termos diferentes dos do Outro � cometer um terr�vel crime conhecido como 'metanarrativa'. Portanto, todos os valores culturais s�o essencialmente iguais � isto � chamado de "uma pluralidade irredut�vel de objetivos' � e a �nica resposta em face do Outro � de pura igualdade."
"At� que o Outro bombardeie seu maldito pa�s da maneira mais abomin�vel que se possa imaginar." Van Cleef olhou para todos os presentes, a severidade marcando sua face. "Normalmente, isto leva o verde a um paroxismo interno e a um doloroso espasmo de valores. Com certeza, o verde acha que este ataque brutal foi, bem, muito mau, mas n�o se esperava nenhuma maldade. E, de repente, a cultura ocidental � maldosamente atacada por algo que se suspeita ser MAU. Mas s� deveria existir 'uma pluralidade de objetivos aut�nticos', nenhum deles inerentemente superior (exceto todos que s�o n�o-ocidentais, uma vez que s�o superiores de todas as maneiras � exceto que o pluralismo e multiculturalismo p�s-modernos surgem somente na cultura ocidental � epa; assim, talvez possa dizer que o pluralismo p�s-moderno est� simplesmente restabelecendo a harmonia primal presente em todas as tribos pr�-modernas � exceto que uma tribo pr�-moderna acabou de desconstruir o World Trade Center e isso n�o pode ser bom, pode? � exceto que obtive minha estabilidade acad�mica por escrever dois livros e quinze artigos sobre o Crime do Iluminismo e sua imposi��o hegem�nica, patriarcal, capitalista, colonialista, imperialista sobre os povos paradis�acos, n�o-dissociados, amantes da liberdade do mundo pr�-moderno, assim n�o fica bem mudar publicamente de opini�o, n�o �? � exceto que�)."
"Bem, voc�s entenderam o que quero dizer. Estou sendo irreverente, e n�o deveria, porque esta � uma tens�o interna realmente angustiante para muitos verdes. Nietzsche costumava referir-se a uma 'transvaloriza��o de valores', onde algo que parece ser mau passa a ser visto como bom e algo que parece ser bom passa a ser visto como mau. Bem, quando aqueles avi�es chocaram-se contra o WTC, muitos memes verdes sofreram uma excruciante transvaloriza��o de valores: a civiliza��o ocidental passou a ser considerada v�tima e os valores n�o-ocidentais, e mesmo a mentalidade tribal � que se supunha abra�ar tudo que � bom, do selvagem nobre ao Outro da civiliza��o reprimida � foram subitamente considerados como algo mau. Isto � chamado Excedrin � dor de cabe�a n� 7."
Sorrindo, Jefferson complementou, "Sim, em tese acho que voc� est� certo. E est� completamente certo sobre as justificativas acad�micas para atos terroristas, isto �, pela 'resist�ncia radical �s estruturas de poder das civiliza��es repressoras': nas �ltimas tr�s d�cadas, a insurg�ncia e o 'terrorismo desconstrutivo' do mundo inteiro adotaram o jarg�o p�s-moderno das universidades americanas a fim de justificar suas a��es. Anteriormente, eles usavam o jarg�o marxista, ou o jarg�o anticapitalista, ou um distorcido jarg�o religioso � algumas vezes, ainda os usam. Mas os mais eloq�entes � os Michel de Certeaus, os Edward Saids e os Slavoj Zizeks deste mundo � ap�iam-se fortemente, agora, na linguagem do p�s-estruturalismo p�s-moderno, a linguagem do relativismo pluralista, isto �, a linguagem de boomeritis."
"Isto � muito parecido com os protestos dos estudantes de Berkeley dos anos 60, sobre os quais Carla nos falou em suas aulas, quando um conjunto de verdadeiros ideais p�s-convencionais foi seq�estrado por um bando de egoc�ntricos terroristas pr�-convencionais, com o intuito de desconstruir agressivamente tudo que fosse convencional. � a fal�cia pr�-p�s numa escala mundial � sim, � boomeritis at� os ossos."
Jefferson olhou em torno da mesa. "Eis aqui a triste verdade do nosso tempo: boomeritis tornou-se a linguagem do terrorismo." Ele parou e balan�ou a cabe�a. "Adicione esta linguagem �quela do fanatismo religioso e voc� obter� uma mistura explosiva que nunca houve em toda a hist�ria."
"Isto � particularmente doloroso para mim como afro-americano. Todos conhecemos a g�nese do pluralismo p�s-moderno � suas muitas qualidades, suas muitas fraquezas. Por�m, quando o meme verde, o relativismo pluralista, o p�s-estruturalismo p�s-moderno � chamem do que quiserem � mudou-se para a academia e come�ou a dominar as ci�ncias humanas, foi apenas uma quest�o de tempo antes que esses "radicais com estabilidade" � algumas vezes inocente e inadvertidamente, outras vezes aberta e intencionalmente � come�assem a forjar a linguagem que seria usada para justificar a 'insurrei��o' terrorista, a 'resist�ncia radical ao poder' e a 'desestabiliza��o desconstrutivista' em toda parte. Quando a justificativa acad�mica para esses atos � uma justificativa proveniente do meme verde (e de boomeritis) na Am�rica � foi combinada com os verdadeiros terroristas do meme vermelho, o resultado foi uma atmosfera na qual a elite da cultura ocidental n�o p�de condenar decisivamente qualquer tipo de insurrei��o desconstrutivista, uma abertura ideol�gica aproveitada pelos insurretos e terroristas, que sempre igualaram a chamada 'sensibilidade' � fraqueza. Tudo que eles precisavam em suas pr�prias mentes para explodir o barril de p�lvora era uma raz�o igualmente enganosa para atacar e desconstruir, que foi fornecida por um meme azul distorcido: no caso, o fanatismo religioso."
"H� aqui tamb�m uma liga��o estrutural psicossocial," continuou Jefferson. Kim disse que o QI de Jefferson � 160; parece que esta � a velocidade do seu intelecto correndo na estrada. Sempre fiquei tonto observando sua pele de �bano que abriga aquele c�rebro trafegando por essa estrada numa velocidade enervante. Gostaria que Kim estivesse presente para explicar tudo para mim.
"Psicologicamente, boomeritis � o meme verde infectado por uma reativa��o do narcisismo vermelho. Assim, tend�ncias inerentemente subjetivistas dos verdes � Graves alguma vezes refere-se a eles como 'relativistas, pluralistas, subjetivistas', simplesmente porque suas justificativas para a verdade s�o basicamente subjetivas, relativas, m�ltiplas: em outras palavras, p�s-modernas � de qualquer modo, tend�ncias subjetivistas dos verdes tornam-se um �m�, um lar, um porto seguro para uma reativa��o dos impulsos narc�sicos, egoc�ntricos, vermelhos. O pluralismo torna-se um supermagneto para o narcisismo � e esta combina��o de verde altamente desenvolvido com vermelho muito pouco desenvolvido � a mistura explosiva conhecida como boomeritis, porque na minha pr�pria mente ideais verdes tornam-se o porta-voz do terrorismo vermelho."
"Sob essas circunst�ncias, os ideais verdes de contextualismo, construtivismo e pluralismo � que no que t�m de melhor insistem que todas as perspectivas sejam tratadas com justi�a e imparcialidade, sem a marginaliza��o de nenhuma � rapidamente degeneraram para um pluralismo ran�oso, at� mesmo patol�gico: todas as vis�es devem ser tratadas com justi�a, n�o porque mere�am um tratamento justo, mas porque nenhuma vis�o � melhor do que outra, ponto. O narcisismo e sua eterna pretens�o de que 'ningu�m vai me dizer o que fazer' finalmente encontra um lar feliz na flatland pluralista p�s-moderna. Uma vez que nenhuma vis�o � melhor ou pior do que outras, minhas inclina��es narc�sicas podem transitar livremente aqui, neste porto seguro suprido pelo pluralismo patol�gico. Na minha cabe�a, o verde foi seq�estrado pelo vermelho terrorista. Na minha cabe�a, ideais p�s-convencionais transformaram-se em jarg�es de impulsos pr�-convencionais. Na minha cabe�a, o World Trade Center dos meus mais altos ideais foi desconstru�do por minhas mais baixas e selvagens inclina��es."
"Este � o p�s-modernismo boomer�tico � um secreto caso de amor entre o verde e o vermelho � que se desenvolveu de uma maneira espec�fica no est�gio hist�rico atual do mundo: acad�micos verdes p�s-modernos, reativando e nutrindo inflamados impulsos vermelhos pr�-modernos em suas mentes, apaixonaram-se por todas as culturas pr�-modernas: no passado � os grandes Para�sos do �den terrivelmente contaminados pela opress�o patriarcal ocidental � e no presente, por todos os Outros fora do Iluminismo, lutando para libertar-se do cobertor repressor da civiliza��o. Grande parte da s�rie de semin�rios que conclu�mos recentemente foi devotada a uma an�lise minuciosa deste t�pico. Obviamente, n�o estou afirmando que o Iluminismo n�o tivesse seus graves problemas. Estou dizendo que os acad�micos verdes estavam predispostos a elogiar as culturas vermelhas de modo exagerado e fantasioso, simplesmente porque estavam fixados, e mesmerizados, em impulsos vermelhos do seu pr�prio ser. O narcisismo ostentat�rio dos Boomers aflorou da maneira mais embara�osa, deixando uma trilha de infort�nios boomer�ticos verde-vermelhos em todas as salas da academia."
"E a� est�, muito simplesmente, por que boomeritis transformou-se na linguagem da desconstru��o, da destrui��o, do terrorismo em toda parte. Ela n�o p�de suprir uma distin��o convincente para separar aquilo que era progressivo daquilo que era meramente regressivo � e nesta triste e indiferente indecis�o repousa um dos muitos caminhos que levaram ao 11 de setembro."
Todos � mesa ficaram em sil�ncio por v�rios minutos. "Sim, infelizmente, infelizmente", Carla Fuentes balan�ou a cabe�a suavemente. "Deste �ngulo particular, voc� est� absolutamente certo: boomeritis foi profundamente c�mplice na desconstru��o do World Trade Center." Fuentes olhou para cada um de n�s, um a um. Suas tristes palavras foram pronunciadas numa voz melanc�lica, sem �dio, quase meiga.
"At� mesmo Foucault n�o chamou Derrida de terrorista? Quando o resultado l�quido de sua reflex�o acad�mica desemboca em: n�o existem padr�es universais pelos quais qualquer cultura possa ser julgada inferior a outra; o Ocidente, sob a influ�ncia do Iluminismo, tornou-se simplesmente uma hegem�nica imposi��o imperial dos padr�es absolutistas universais sobre o mundo inocente; portanto qualquer coisa do Ocidente � m�, qualquer coisa do Oriente � boa; donde desconstruir o Ocidente e o Iluminismo � a coisa nobre a ser feita � bem, quando seu pensamento � atingido por fal�cias pr�-p�s de tal magnitude, elas criam uma atmosfera intelectual na qual aplaude-se, implicitamente, qualquer terrorismo desconstrutivo; quando um famoso pluralista p�s-moderno brada 'Se voc� n�o for branco, afaste-se o quanto puder de qualquer cultura ocidental!' � fico pensando se o Afeganist�o � suficientemente long�nquo para este senhor � bem, naturalmente toda esta atmosfera acad�mica � c�mplice de tais ataques terroristas. Os p�s-modernistas radicais n�o s�o a real causa de quaisquer desses crimes, mas s�o c�mplices, s�o profundamente c�mplices." Carla Fuentes balan�ou sua cabe�a.
O lado contundente de Van Cleef cortou o ar; ele aparentava estar mais furioso do que o normal. "A lista desses c�mplices � infind�vel � isto �, a lista de eruditos da boomeritis com sangue filos�fico em suas m�os � verdadeiramente intermin�vel: come�ando com Heidegger � e podemos lembrar agora sua infame e impenitente cumplicidade com os Nazistas � e seus camaradas de filosofia, Foucault no in�cio, a maior parte de Derrida, Wittgenstein no fim, os subprodutos e imitadores � Michel de Certeau, Richard Rorty, Edward Said, Fran�ois Lyotard, Jean Baudrillard, Ernesto Laclau e Chantal Mouffe, Slavoj Zizek, Antonio Negri e Michel Hardt, a turma francesa e seus mornos e menos talentosos porta-vozes americanos � Stanley Fish, Susan Sontag, Stanley Aronowitz, os movimentos alternativos, do 'New Birth in Freedom' do JTP ao Revisioning TP Psych, � espiritualidade boomer�tica e ao MVM (Meme Verde Mau) em toda sua gl�ria, a hipocrisias anti-hier�rquicas enchendo o ar com sua fedorenta presun��o autocongratulat�ria, aos �ltimos aprendizes de fil�sofos avant-garde, todos gritando batidos slogans pluralistas." Van Cleef cuspia as palavras numa torrente incessante; seus colegas, embora n�o discordando, sentiam-se desconfort�veis, especialmente Joan.
"N�o me canso de repetir," continuou, "que em grande parte desses casos h� verdades muito importantes � freq�entemente as usamos aqui no Centro Integral � e na maioria deles, as inten��es s�o t�o cordiais, t�o genu�nas, t�o nobres. Mas todos sabemos que tipos de estradas s�o abertas com boas inten��es. Na contabilidade c�rmica do Kosmos, a chuva da responsabilidade encharcar� essas cabe�as acad�micas."
"Como sempre, colocado de maneira doce e gentil", sorriu Fuentes. "Mas, no geral, concordo. Algu�m mais concorda?" Cabe�as, em torno da mesa, aquiesceram.
"Sinto que o problema real � que seus sentimentos, vestidos como filosofia, apareceram no mundo como uma grande moda, orgulhosamente anunciada. O ponto essencial � que boomeritis drenou a capacidade dos intelectuais para formular uma condena��o coerente de tais ataques, al�m da r�plica capenga de que ningu�m tem o direito de atacar fisicamente o outro � aparentemente, sua resposta foi que explodir a droga de outras pessoas n�o � am�vel e delicado." Fuentes riu no seu modo doce e malicioso. "Mas fora isso, por que o Outro n�o deveria retaliar em face do barbarismo repressor da cultura iluminista-ocidental? Bem, boomeritis e o o MVM est�o estranhamente silenciosos, n�o? A �nica coisas que curto-circuitou seu sil�ncio filos�fico foi a massiva brutalidade, acima dos limites, desse ato espec�fico."
Morin concordou. "Sim, Carla est� certa. Se qualquer bando de terroristas tivesse escolhido um alvo menor, atingido somente militares ou funcion�rios do governo, e, em seguida, liberado uma declara��o sobre o esmagamento da liberdade e igualdade de todas as culturas pela cruel M�quina Capitalista, a maioria dos memes verdes deste pa�s rapidamente concordaria � ou, no m�nimo, se recusaria, absolutamente se recusaria, a julgar que esses terroristas estivessem ERRADOS. Mas a gravidade e selvageria do ataque ao World Trade Center enfiou essas id�ias goela abaixo, de modo que � quase imposs�vel disfar�ar o fato e desculp�-lo com platitudes pluralistas." Morin balan�ou a cabe�a.
"Realmente, � um problema imerso em grande confus�o," disse Jefferson. "Muito parecido com aquele quando o Unabomber matou e mutilou dezenas de pessoas inocentes em nome da ecologia versus civiliza��o � outra dicotomia completamente falsa � e Kirkpatrick Sale � sob a influ�ncia da mesma fal�cia pr�-p�s e da mesma boomeritis � imediatamente apareceu para defender a filosofia do Unabomber, ao mesmo tempo que, de maneira n�o muito convincente, disse que isto n�o significava que apoiava seu ato."
Margaret Carlton, a apar�ncia fr�gil sustentada pela convic��o, observou, "Sim, sim, sim, mas, h� pelo menos uma d�cada, estudiosos respons�veis v�m mostrando que esse pluralismo radical s� realmente permite, e mesmo incentiva, a glorifica��o de virtualmente qualquer outra cultura que n�o a ocidental � Outros azuis, Outros vermelhos, Outros roxos, Outros beges. Esta atitude boomer�tica com certeza revitalizou o antigo impulso do selvagem nobre. Os Boomers deram ester�ide aos Rom�nticos!", ela sorriu docemente.
"Um dos numerosos exemplos... eu o tenho em algum lugar..." Van Cleef procurou na sua maleta. "Aqui est�. Keith Windschuttle: 'O relativismo cultural come�ou como uma cr�tica intelectual do pensamento ocidental, mas, atualmente, tornou-se uma justificativa influente para uma das for�as pol�ticas mais potentes da era contempor�nea. Isto �, o renascimento do tribalismo no pensamento e na pol�tica. A pretens�o dos representantes de culturas tribais para ter completo dom�nio dos seus neg�cios �, provavelmente, a maior causa isolada de derramamento de sangue no mundo de hoje. Ela produziu a pol�tica sepulcral da Irlanda do Norte, Sri Lanka, Sud�o, �frica Central, Oriente M�dio e Balc�s. O p�s-modernismo e o relativismo cultural s�o c�mplices nisso � ambos com sua insist�ncia sobre a integridade de todas as culturas tribais, n�o importando que pr�ticas ou valores elas perpetuem, e na acusa��o de toda a civiliza��o ocidental. Entretanto, ao inv�s de se reconhecer a pol�tica do relativismo como um avan�o na conceitua��o pol�tica, ela deve ser vista simplesmente como uma imagem especular de ideologias racistas que acompanharam e justificaram o imperialismo ocidental na era colonial.' Corret�ssimo: eles s�o etnoc�ntricos at� os ossos � ambos glorificam o pluralismo etnoc�ntrico em vez do pluralismo universal � ou pluralismo patol�gico no lugar do pluralismo geneal�gico � todos incentivados por uma boomeritis com sede de poder."
Van Cleef inspirou profundamente e aumentou o volume. "Uma glorifica��o da mentalidade tribal pr�-convencional: paix�o rom�ntica favorita dos verdes � as tribos roxas e vermelhas. O Taleban � um bando tribal do norte do Afeganist�o, vivendo pr�ximo � terra, com anci�es tribais e um conselho tribal, maravilhosamente livre dos valores do Iluminismo e totalmente livre do terr�vel paradigma Newtoniano-Cartesiano: selvagens nobres, ondas vermelhas florescendo livremente ao sabor dos ventos."
"Bem", ele rugiu, "uma onda vermelha inundou violentamente o World Trade Center e os verdes puderam vislumbrar os contornos reais daquilo que vinham louvando desde os Rom�nticos originais. Selvagens nobres desconstru�ram a civiliza��o: legal, n�o �?" e bateu seu punho fortemente sobre a mesa, fazendo um ru�do perturbador.
"Est� bem, Derek, est� bem. Voc� est� passando dos limites," falou Morin.
"N�o, n�o estou." A intensidade de Van Cleef zunia no ar. "Se n�o vamos 'fazer nenhuma distin��o entre os terroristas e aqueles que os nutrem', ent�o tamb�m n�o poderemos distingui-los filosoficamente."
"Ele tocou na ferida," Jefferson concordou. "Mas � um ponto que j� salientamos. N�o h� d�vidas de que esses acad�micos s�o c�mplices por criar uma atmosfera filos�fica que hesitou em julgar negativamente os Outros e hesitou, igualmente, ao n�o dizer nada de positivo sobre a cultura ocidental. Deixemos que respondam pelos seus atos e pelas suas palavras. Nada que fa�amos mudar� isto."
O Verde Sadio: Agora Mais do Que Nunca
"Aten��o, estamos todos fugindo do assunto!", interveio Lesa Powell. "Nossa proposta � discutir as rea��es ao ataque, n�o suas causas, ou quem devemos culpar."
"Certo, certo; desculpe, fomos um pouco envenenados pela testosterona." Jefferson riu.
"Opa," Van Cleef aquiesceu. "Vejam, n�o estou culpando os p�s-modernistas radicais por este ataque, somente ressaltando as dificuldades que ele trouxe para seu sistema de valores. Estou dizendo que suas respostas ao ataque � e a pr�pria resposta geral do meme verde � sofreram de uma transvaloriza��o de valores, porque a cultura do Outro � que era considerada BOA � aparece agora como realmente M�, e a cultura ocidental do Iluminismo � que era considerada M� � agora aparece como V�TIMA. E de acordo com a linguagem de boomeritis, todas as v�timas s�o nobres, inocentes e boas. Subitamente, o Ocidente assegurou o cobi�ado status de v�tima, e isto desmantelou o sistema de valores do MVM, de tal maneira que suas respostas ainda est�o entorpecidas, confusas, vagas, quase incoerentes."
"Bem, eles geralmente concluem com algo do tipo, 'Sim os terroristas fizeram uma coisa ruim. Mas n�o devemos retaliar; devemos aproveitar a oportunidade para refletir como todos nos tornamos terroristas quando somos grosseiros com outras pessoas; devemos usar isto como uma oportunidade de cura, de cuidado e de sentimento da nossa dor. Devemos refletir que todos somos irm�os e irm�s nesta humanidade e praticar o amor ao pr�ximo diariamente. De vez em quando, desliguem a televis�o e fa�am uma declara��o m�tua de amor. Enviem luzes curadoras e amorosas para todas as v�timas de qualquer lugar, n�o somente daqui, mas do mundo inteiro."
"O verde sadio � uma resposta decente e nobre," acrescentou Joan. "Espero que n�o esteja zombando desta atitude, Derek. Lembre-se de que boomeritis � o verde patol�gico, n�o o saud�vel. Almejo encontrar uma boa parcela de verde sadio em mim mesma, porque, agora, mais do que nunca, � o que precisamos."
Jefferson esfregou os olhos. "Mesmo assim, uma coisa que me preocupa � quando os verdes escorregam para, como diria, seu lado mais trivial..."
"Como a platitude de um bico de pato?" Fuentes sorriu.
"Oh, entendo seu humor. N�o, Carla, o hipersens�vel, acima do normal, lado do cuidado, uma resposta que j� circula na afirma��o de Martin Luther King: 'A derradeira fraqueza da viol�ncia � que ela � uma espiral descendente, produzindo exatamente aquilo que quer destruir. Ao inv�s de diminuir o mal, ela o multiplica. De fato, a viol�ncia simplesmente aumenta o �dio. Responder viol�ncia com viol�ncia, multiplica a viol�ncia. O �dio n�o pode extinguir o �dio; somente o amor consegue.'"
"Mas, veja," continuou Jefferson, "esta afirma��o est� errada em quase tudo. Como um negro criado fora do Harlem, n�o preciso dizer a voc�s que o Reverendo King foi minha salva��o quando crian�a. Bem, ele e Charlie Parker, mas isto � outra hist�ria. De qualquer modo, neste caso, creio que seu cora��o obscureceu sua cabe�a. Viol�ncia real � quase sempre extinta com viol�ncia mais dura atrav�s de m�os mais sensatas. Quando voc� encontra um Hitler neste mundo, a resposta correta, nobre, �tica, espiritual �: arranje uma arma e estoure seus miolos. Acabamos com Auschwitz, n�o com amor, di�logo fraterno, treinamento em sensibilidade e pensamentos doces, mas sim com poder de fogo superior, ponto. Assim deve ser com a viol�ncia real do mundo real � a maior parte dela prov�m do meme vermelho, e, at� que desenvolva seus limites azuis, ele somente pode ser contido pela for�a. Na maioria das vezes, a civiliza��o n�o produz a barb�rie, mas a restringe."
"O problema b�sico com os verdes � que confundem a prescri��o de 'n�o ter viol�ncia em seu cora��o' com 'n�o usar viol�ncia no mundo real' � neste ponto, os verdes come�am a contribuir para o problema, n�o para a solu��o. � ainda uma outra variante do triste fato de que os verdes � e sem d�vida o MVM e boomeritis � t�m sido c�mplices do crescimento da viol�ncia insurrecional em todo o mundo. � �bvio que n�o devemos guardar �dio em nossos cora��es; mas tamb�m � �bvio que, ao encontrar nazistas � para usar o exemplo de Van Cleef � devemos extermin�-los." Uma gargalhada emergiu do semblante de profunda preocupa��o de Jefferson.
"Se os verdes desejarem uma san��o espiritual para isto, tentem ler o Bhagavad Gita. O guerreiro Arjuna est� prestes a ir para a guerra; preocupado com o mortic�nio, invoca o Senhor Krishna para ajud�-lo a decidir o que fazer. Krishna, que � t�o p�s-verde quanto ind�mito, diz-lhe duas coisas: voc� deve cumprir seu dever no mundo real e, portanto, deve lutar e possivelmente matar, porque assim � o mundo real atual; mas ao cumprir seu dever, mantenha-se ligado ao Esp�rito, n�o como um modo para justificar a matan�a, mas como um modo de pairar acima dela. 'Lembre-se de mim e lute,' � o que Krishna diz a Arjuna. Ele n�o lhe diz para evitar a luta (t�pico verde), NEM diz para lutar em nome do Senhor (t�pico azul). Ele lhe fala para lutar e lembrar-se do Senhor, pois somente assim salvar-se-� no mundo real do carma inevit�vel."
"Obviamente h� umas poucas situa��es � muito poucas � onde a n�o-viol�ncia funciona, isto �, em culturas onde existam valores do Iluminismo ocidental (tais como a Am�rica e a Inglaterra � as duas �nicas culturas onde a n�o-viol�ncia realmente funcionou como estrat�gia). Em qualquer outra cultura que possua valores pr�-laranjas, pr�-modernos, pr�-iluministas, se voc� se prostrar em frente das tropas que se aproximam, ah, muito obrigado! Muito mais f�cil de extermin�-lo e economizar muni��o. Tente n�o-viol�ncia com os nazistas, a KKK, os Sargons, os Rams�s e os Pol Pots deste mundo e veja a que isto o leva. � morte, obviamente. E ao permitir que um mal maior flores�a, sua morte nem sequer lhe traz um bom carma, mas o carma da covardia: ao inv�s, escute Krishna e cumpra seu dever, o que exige muito mais coragem do que fugir dele numa posi��o autocongratulat�ria de meme verde."
"Veja, nos memes pr�-laranjas, a viol�ncia (ou a amea�a de viol�ncia) � praticamente o �nico caminho para extinguir a viol�ncia. No meme laranja, a guerra f�sica muda para a guerra econ�mica e os campos de batalha deslocam-se para as salas de reuni�es � mesma guerra, diferentes meios. Mas somente no meme verde, as pessoas desejam parar de lutar e somente no amarelo come�am a usar estrategicamente a viol�ncia para acabar com ela. Mas os memes pr�-laranjas usam s� a viol�ncia e a� est� o problema. Dar a outra face � exatamente o que voc� n�o deve fazer com memes pr�-laranjas. Novamente: em seu cora��o, nenhuma viol�ncia; no mundo, cumpra seu dever."
"Correto, Mark, correto", interveio Joan, " mas gostaria de acrescentar de novo: a postura do verde saud�vel � um imperativo de qualquer resposta de segunda-camada. Transcende e inclui!"
"Concordo. Desejamos incluir os verdes. Mas tamb�m transcend�-los. Assim, se necess�rio, n�o confunda n�o ter viol�ncia em seu cora��o com n�o existir viol�ncia no mundo. Seu dever pode ou n�o incluir viol�ncia, mas n�o nos esque�amos que, realmente, h� ocasi�es em que a viol�ncia acaba com a viol�ncia � ou, eu diria, refletindo a confus�o e a natureza microscopicamente crescente de Eros: h� ocasi�es em que a viol�ncia substitui uma viol�ncia mais brutal por uma viol�ncia mais sutil, um mal menor visando a um bem sutilmente maior."
"O c�digo de inspira��o Zen dos samurais tamb�m � um bom guia: a melhor luta � n�o lutar; a verdadeira espada � nenhuma espada � mas se pensa que isto significa que um guerreiro Samurai nunca usar� sua espada, acho que voc� � um pouco ing�nuo."
Amarelo: Equil�brio do Todo
"Vamos seguir em frente para a resposta amarela aos ataques terroristas � a resposta da primeira onda verdadeiramente de segunda-camada," sugeriu Morin. "Derek?"
"Bem," respondeu Van Cleef, "realmente, n�o conseguiremos falar sobre a resposta amarela sem antes falar sobre qual seria uma abordagem verdadeiramente integral para o terrorismo. Lesa, esta � sua especialidade..."
"Vejamos," respondeu Powell, "resumir as respostas amarela e turquesa � uma dif�cil tarefa, porque, embora articulem suas respostas em termos te�ricos que usamos, elas s�o verdadeiramente integrais: tendem a ver a grande imagem (pelo menos t�o grande quanto seja poss�vel no mundo de hoje) e respondem ao Todo, por assim dizer, � medida que suavemente se desenvolve e evolui. O que tentamos fazer no CI � articular este Todo que se desdobra e isto levar� alguns minutos!" Ela riu.
Est� bem, voc� tem dois minutos," sorriu Morin.
"J�ia." Lesa respondeu ao sorriso rolando os olhos. "Est� bem, vamos come�ar olhando para as poss�veis causas deste terrorismo, porque uma resposta de segunda-camada n�o est� divorciada da compreens�o intuitiva deste Todo dinamicamente padronizado e oscilat�rio � o que significa que sua resposta e sua compreens�o das causas s�o uma pe�a �nica. Bem, comecemos por a�."
"Todos sabemos que quando tentamos fazer historiografia, verificamos que simplesmente n�o existe UMA �NICA MANEIRA CORRETA para ver as coisas, embora os fatos sens�rio-motores sejam os mesmos. Vejamos os fatos deste caso: no dia 11 de setembro de 2001, dois avi�es seq�estrados por n�o-americanos chocaram-se contra o World Trade Center, em Manhattan, destruindo completamente a estrutura e matando mais de 5.000 pessoas, enquanto outro avi�o seq�estrado chocou-se contra o Pent�gono, matando algumas centenas. Esses fatos, embora incontest�veis, n�o podem ser entendidos apenas pela sua descri��o, sem um completo sistema de valores culturais subjacentes (porque todos os h�lons possuem um quadrante inferior esquerdo). At� aqui isto soa como um t�pico relato pluralista p�s-moderno, exceto pelo fato de que vamos al�m do relativismo pluralista � que nega que qualquer dessas interpreta��es culturais seja superior �s outras � defendendo um pluralismo geneal�gico, ou desdobramento desenvolvimentista, que sugere, baseado em extensa pesquisa, que alguns desses valores s�o superiores, melhores e mais abrangentes do que outros: globoc�ntrico � melhor do que etnoc�ntrico que, por sua vez, � melhor do que egoc�ntrico. Cada um deles pode ser apropriado para certas circunst�ncias, mas n�o h� d�vida quanto � categoriza��o hier�rquica de crescente capacidade para consci�ncia, cuidado e compaix�o."
"Eis onde quero chegar: Cada meme, ou onda geral de desenvolvimento, tem algo importante a nos dizer sobre como podemos e devemos interpretar a quest�o de causas e culpas deste evento particular. Apesar de que um meme mais elevado, mais inclusivo, tenha uma vis�o mais adequada da situa��o e portanto, mais precisa (embora nunca seja totalmente correta: isto n�o existe), mesmo assim, cada meme nos diz algo sobre como outros � e o Outro � podem ver o mundo em termos de quem culpar. Esta � a resposta geral de segunda-camada: sinta intuitivamente o que todas as diferentes respostas t�m a nos dizer sobre a totalidade da realidade e sobre todos os seres humanos nela imersos. Mas a resposta de segunda-camada tamb�m compreende que o peso que deve ser dado para cada uma dessas respostas e interpreta��es � melhor avaliado pelo n�vel turquesa, uma vez que esta � a mais alta onda de consci�ncia que, em m�dia, se pode encontrar e que, at� o momento, � a mais significativa j� atingida nos quatro quadrantes; e, apresso-me a enfatizar, para que turquesa seja genuinamente adequada, deve levar em conta insights de terceira-camada (pelo menos como um estado, se n�o um n�vel)."
"Lesa, voc� pode explicar melhor tudo isso? Est� t�o denso," solicitou Hazelton.
"Tentarei daqui a pouco, Joan. Mas, antes, permita-me discorrer sobre o espectro das causas reais para o ato terrorista, sugerido por uma an�lise de todos os memes. Primeiramente e acima de tudo, a parte do le�o da culpa fica com os terroristas, pura e simplesmente. Eles nem sequer est�o representando valores vermelhos, mas sim valores vermelhos patol�gicos ou extremistas. Mesmo terroristas "saud�veis", se posso expressar-me assim, imediatamente condenaram seus atos. Yasser Arafat: 'Inacredit�vel! Inacredit�vel! Inacredit�vel!' Aquilo n�o era racional. N�o interessa se voc� queira explicar como um ataque do bem contra o mal, ou um ataque da barb�rie � civiliza��o, ou um ataque � humanidade por pessoas insens�veis. No topo da lista a quem culpar, por uma larga margem, est�o os terroristas � seus l�deres, seus seguidores, seus c�mplices." Lesa levantou os olhos e sorriu. "Eles s�o aproximadamente completamente maus," e todo mundo riu � uma piada interna do CI.
"O que motivaria tais atos? Notem que virtualmente todos os memes, do vermelho ao turquesa, concordam que esses atos s�o doentios (n�o importa que circunst�ncias atenuantes possam estar presentes, o que discutiremos depois). Assim, temos justificativas para perguntar que tipo de enfermidade ou m�-forma��o est�o envolvidas? Quais s�o seus contornos reais? Ter�amos que fazer uma an�lise de 'todos os quadrantes, todos os n�veis, todas as linhas' (uma psicografia integral) � n�o temos informa��es suficientes para faz�-la adequadamente � mas, alguns aspectos simples s�o sugestivos: no quadrante inferior esquerdo havia, e continua havendo, graves tens�es econ�micas (que podem ou n�o serem imputadas totalmente � globaliza��o e ao capitalismo corporativo ocidental: isto � uma outra quest�o a ser decidida pelos seus m�ritos � posteriormente falaremos sobre ela); no quadrante inferior direito parece haver algo como um enrijecimento cultural em face da modernidade; isto aparenta ser um azul patol�gico ou associa��o-m�tica distorcida, ao definir quase um �nico mito: a destrui��o do Outro; o Outro, neste caso, sendo o Ocidente (novamente, se o Ocidente tem culpa � outra quest�o; agora, o fato �: fenomenologicamente, isto parece ser o essencial do quadrante inferior direito desses terroristas); no quadrante superior direito, aumento da dopamina e decr�scimo da serotonina, ou algo semelhante; no quadrante superior esquerdo, uma patologia de meme vermelho alimentada por uma forma��o supereg�ica azul distorcida; mais especificamente: linha cognitiva no laranja, linha do ego no vermelho com dissocia��o patol�gica e uma m� forma��o no fulcro 3 / subfase b; o superego do ego tripartite contaminado por uma ideologia deformada de meme azul, internalizada e dura."
Lesa fez uma pausa. "Bem, apresentei metanarrativas suficientes para levar o MVM m�dio � loucura?" Todos sorriram e concordaram. "Oh, deixe-me acrescentar algo: foi um ataque taticamente brilhante, absolutamente brilhante, executado com impetuosa coragem. Mas agora estamos focalizando seu lado doentio..."
"Resumindo, parece razo�vel considerar que os terroristas eram vermelhos patol�gicos inflamados por uma ideologia azul distorcida � realmente, uma combina��o explosiva. Nenhum sistema de valores sadio, de qualquer cultura que conhecemos, desculpa esses atos. Entretanto, a pergunta que surge �: em que extens�o essas patologias nos quatro quadrantes podem ser imputadas a outros, como, por exemplo, o capitalismo global ocidental? Aqui, como voc�s podem imaginar, a situa��o � um pouco mais complicada e sujeita a enganos."
Tradu��o de Ari Raynsford
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